Ocorrido entre os dias 30 de junho e 01 de julho, em Belo Horizonte, o Terceiro Encontro Nacional de Aquecimento Solar reuniu autoridades, profissionais, associações, ONG´s, centros de pesquisas, revendedores e principais fabricantes do setor. O Evento desenvolveu-se no auditório da PUC Minas, marcando sua primeira realização dentro de uma universidade. Além da exposição tecnológica, ciclos de palestras e realização de minicursos, o encontro deste ano inovou com visitas técnicas a instalações, onde pôde ser visto, em detalhes, diversas soluções aplicadas de bons projetos. O encontro mostrou-se bastante positivo com anúncio de vários programas, acordos e investimentos no setor, que vem alcançando bons resultados com perspectivas de muita evolução.
VANTAGENS DO AQUECIMENTO SOLAR
Apesar de apresentar números globais ainda tímidos em relação a outros países, considerando sua evolução, a atual situação do setor de aquecimento solar nacional pode ser vista como exemplo para outros setores. O sucesso que vem conseguindo, como pôde ser percebido no encontro, é fruto da integração de diversos segmentos com muitos investimentos e esforço conjuntos.
O Brasil demonstra um grande potencial para o aquecimento solar, e sua utilização em larga escala representará benefício para diversos setores da sociedade, sem falar nas vantagens refletidas para o meio ambiente. Uma das coisas que reforça esta percepção é a grande quantidade de segmentos atualmente envolvidos em sua defesa.
Tendo atualmente seu maior potencial no aquecimento d'água, o aquecimento solar pode retardar investimentos para construção de usinas para produção de eletricidade, evitando assim os impactos ambientais que tais empreendimentos provocam. Visto pelo lado social, o setor também traz vantagens, pois sua indústria é uma das que mais rendem emprego por unidade monetária de investimento.
Pelo lado do consumidor a economia a médio prazo pode ser bastante significativa – o investimento inicial é recuperado num período de três a cinco anos, sendo a vida útil média para tais sistemas de aproximadamente vinte anos – além de maior conforto e segurança obtidos com seu uso.
Um dos setores que tem promovido ativamente sua difusão é o das concessionárias de energia elétrica. O que pode a primeira vista parecer um contrassenso, já que o aquecimento solar concorre para redução no consumo de eletricidade. Mas, na verdade o uso deste tipo de aquecimento já é reconhecido pelas concessionárias como uma das maiores armas potenciais para se reduzir o pico de demanda, que tanto preocupa os setores de geração, transporte e distribuição de energia elétrica.
A Companhia Energética de Minas Gerais - CEMIG tem dado excelente exemplo neste sentido. Um dos seus programas de destaque é o Projeto "100 Prédios", idealizado em parceria com a Agência Energia e ativado desde março de 1999, o programa atende a determinação da Aneel que obriga às concessionárias investimentos no uso racional de energia. Sua execução projetará a instalação de aproximadamente 100 sistemas de grande porte, onde a concessionária subsidia 20% do valor de implantação do aquecimento solar e promove desconto de 30% no consumo de energia elétrica do sistema complementar.
A empresa fornece ainda toda consultoria e acompanhamento técnico. Para se beneficiar do programa, os projetos devem, entre outros, ser dimensionados para serem atendidos em pelo menos 60% com a energia solar e utilizar equipamentos qualificados pelo Inmetro.
A empresa fornece ainda toda consultoria e acompanhamento técnico. Para se beneficiar do programa, os projetos devem, entre outros, ser dimensionados para serem atendidos em pelo menos 60% com a energia solar e utilizar equipamentos qualificados pelo Inmetro.
Outras concessionárias também têm desenvolvidos interessantes programas para incentivo do uso do aquecimento solar. Na esfera governamental vêm sendo desenvolvidos vários programas para incentivar o uso do aquecimento solar, com destaque para implantação de sistemas de aquecimento dágua para população de baixa renda.
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O CHUVEIRO ELÉTRICO E O PROBLEMA DO PICO DE DEMANDA
Chuveiro elétrico um dos grandes vilões do pico de demanda - muita carga concentrada em pouco tempo |
Os sistema de geração e a rede de transporte e distribuição de energia elétrica são dimensionados em função da potência instalada e ou do consumo máximo exigido. Evidentemente quanto maior a capacidade de geração e da rede de distribuição, maior os investimentos necessários e os custos com manutenção.
Os sistemas são mais eficientes e viáveis economicamente quanto mais constante for sua curva de carga, o que favorece um consumo médio o mais próximo possível da capacidade nominal do sistema. Na prática o que se percebe em relação ao consumo de energia elétrica, a partir dos gráficos representativos da curva típica de consumo diário das concessionárias do país, é uma curva com pico bastante elevado, situado no horário entre as dezoito e vinte e duas horas. Este período onde se atinge o consumo máximo no dia, é denominado pico de demanda.
Bastante comum entre nós, o chuveiro elétrico - que é um invento brasileiro e que tem seu uso singularmente notado no nosso país - é identificado como forte fator de elevação do pico de demanda, devido a sua alta potência, e seu uso restringir-se a pequenos períodos, geralmente em horários determinados e comuns para grande parte dos usuários.
Bastante comum entre nós, o chuveiro elétrico - que é um invento brasileiro e que tem seu uso singularmente notado no nosso país - é identificado como forte fator de elevação do pico de demanda, devido a sua alta potência, e seu uso restringir-se a pequenos períodos, geralmente em horários determinados e comuns para grande parte dos usuários.
A publicação " O Aquecedor Solar de Água para o Setor Elétrico e para o Usuário Final" editado pela ABRAVA, faz referência aos resultados dos trabalhos de pesquisa, incluindo medições e levantamentos de dados por questionários, que a USP realizou em conjunto com a ELETROPAULO, no setor residencial, onde ficou demonstrado que os chuveiros elétricos provocam um aumento de potência média instalada de 121%, ou seja a potência do chuveiro ultrapassa a soma de todos os outros eletrodomésticos juntos. Demonstrando ainda que a inclusão do chuveiro elétrico eleva a demanda máxima média em 365% ou seja no momento em que é utilizado o chuveiro elétrico, o consumo sobe para mais de 4,5 vezes o consumo médio sem o mesmo. Mal negócio para as conscessionárias pois como o seu uso é feito normalmente em pequenos períodos, ele representa uma parcela do consumo global não muito significativa, não contribuindo para o faturamento da mesma, além de exigir investimentos extras para capacitação da rede de distribuição e do setor de geração. Ainda na referida publicação é citado que cada chuveiro elétrico instalado, corresponde, pelo lado da geração e transporte, a um investimento de US$ 900,00.
Influência do chuveiro elétrico no pico de demanda de energia elétrica na rede pública |
No setor de geração, o esgotamento de recursos hídricos para construção de novas hidrelétricas e a necessidade de aumentar a oferta rapidamente, sob ameaça de colapso no sistema, que é evidenciada principalmente nos horários de ponta, será resolvida com a instalação de termelétricas, já estando previsto para os próximos anos a construção de 49 destas usinas, em regime urgência, o que será mais uma fonte de emissão de poluentes, devido a queima de combustíveis fósseis.
AQUECIMENTO SOLAR UMA SOLUÇÃO RACIONAL PARA O PROBLEMA
Vários estudos realizados mostram que estes problemas podem ser amortizados pelo difusão em larga escala do aquecedor solar. Além disto a substituição do chuveiro pelo aquecedor solar se traduz em economia, a médio prazo, principalmente para o usuário final, pois exigindo baixíssima manutenção e com vida útil em média superior a vinte anos, proporciona forte economia na conta de energia elétrica, com a qual o investimento pode ser recuperado num período de três a cinco anos. Obtendo ainda este usuário as vantagens de maior conforto térmico e segurança.
Na feira tecnológica que integrou o encontro, vários fabricantes exibiam em seus produtos as etiquetas do Inmetro, no total já são mais de trinta modelos de coletores já certificados e os primeiros reservatórios térmicos submetidos ao programa estarão recebendo etiqueta em breve.
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PROGRAMA DE ETIQUETAGEM; QUALIDADE E CONFIABILIDADE ASSEGURADAS
Sistema termo-solar com circulação movimentada por sistema fotovoltaico |
Uma
dos temas de destaque no encontro, foi o Programa Brasileiro de
Etiquetagem do Inmetro voltado ao aquecimento solar, tal programa que já
está no seu terceiro ano, e visa classificar coletores e reservatórios
térmicos, com base na qualidade e eficiência energética. O programa não é
compulsório, mas a adesão pelos fabricantes é crescente.
Sua
implantação, uma iniciativa do GT Sol, o qual integram o Departamento
de Aquecimento Solar da Abrava, o Procel, Green Solar e Inmetro, é
primeiramente uma garantia de qualidade para o consumidor final, mas,
traz também várias outras vantagens. Além da classificação, que possui
sete níveis, de A à G, a etiqueta informa, no caso dos coletores, a
eficiência energética, área externa do coletor e a produção média mensal
de energia. Fornecendo dados confiáveis aos projetistas do sistema e parâmetros
reais de comparação diversos do preço, o programa protege os
investimentos em qualidade pelos fabricantes idôneos, penalizando
aqueles que praticam preços baixos em detrimento de tal compromisso e
que são causa de descrédito para todo o setor, principalmente naqueles em pleno crescimento de demanda, como é o caso do aquecimento solar.
As
avaliações dos coletores e reservatórios, são credenciadas pelo Inmetro
ao Green Solar, Grupo de Estudos da Universidade Católica de Minas
Gerais. O encontro promoveu aos participantes uma visita a seus
laboratórios, onde puderam ser conferidos o excelente nível de
capacitação e todo instrumental e sistemas utilizados. No ciclo de
palestras também foram abordados os exigentes parâmetros e metodologias
de avaliação utilizados pelo Green, que seguem normas internacionais
rigorosas.
Na feira tecnológica que integrou o encontro, vários fabricantes exibiam em seus produtos as etiquetas do Inmetro, no total já são mais de trinta modelos de coletores já certificados e os primeiros reservatórios térmicos submetidos ao programa estarão recebendo etiqueta em breve.
A
feira foi também mais uma mostra do nível de maturidade alcançado pelo
setor, com apresentação das mais variadas linhas de produtos e soluções,
muitas ímpares.
Como
entusiastas das renováveis, ao fim do encontro nos sentimos realmente
satisfeitos, pois o crescimento deste setor com certeza beneficia a
todos, principalmente pelo modo como vem sendo conduzida sua evolução.
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