sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Immigrant - Um autêntico moinho de vento holandês plantado em solo brasileiro (fevereiro de 2006)


Projetado pelo Sr. Jan Heijdra, arquiteto holandês especialista em de moinhos de vento,   "De Immigrant" foi construído na Colônia de Castrolanda, no município de Castro no Paraná, como uma homenagem aos imigrantes holandeses da década de 50 que colonizaram a região. A construção levou aproximadamente um ano. O moinho foi inaugurado em 30 de novembro de 2001. Sua concepção foi inspirada no ‘Woldzigt', um dos maiores moinhos da Holanda, erguido em 1852 e que continua em funcionamento.

Com pás com 26metros de envergadura "De Immigrant" possui duas mós conseguindo produzir até 3.000 kg de farinha de trigo. Não se trata apenas de uma réplica, mas, um moinho holandês autêntico onde tudo funciona e foi concebido dentro da tecnologia holandesa que teve seu ápice dois séculos atrás. Nele pode se ver em ação todos os mecanismos típicos de um moinho holandês como cúpula rotativa, sistemas de freio e controle de potência.

Aberto a visitação, o moinho oferece uma oportunidade ímpar, uma viagem no tempo e no espaço. É como nos deslocássemos para a Holanda do século XIX. A construção utiliza na sua maior parte madeira: engrenagens, pinos, estrutura com sistemas de encaixe entre outros. Chama a atenção à precisão das peças e o acabamento primoroso.


A produção de farinha no moinho tem fins demonstrativos. Destina-se a, através de uma reprodução fiel, imprimir no visitante a sensação de vivência e contato com o ambiente e atividade do povo holandês em uma época remota.

“The Immigrant” é operado e administrado por Rafael Rabbers, descendente de imigrantes. Rabbers trabalhou na construção do moinho e posteriormente foi treinado para operá-lo. Um dos destaques feitos por ele foi o de que o Sr. Heijdra, que projetou e acompanhou a construção do moinho, fez todo seu trabalho como voluntário, por simpatia a causa.

Além do moinho, a construção abriga salão de eventos, museu, restaurante, biblioteca e loja de artesanato. A construção do moinho foi uma iniciativa da cooperativa de Castrolanda formada pelos descendentes dos imigrantes. Há também outras edificações, como o museu “Casa do Imigrante” e a Escola Holandesa “Prins Willem Alexander”, que valem a pena serem visitadas. É uma oportunidade de conhecer de perto a saga desses bravos pioneiros que ajudaram a transformar a região, movidos pela união, pelo trabalho e "acima de tudo fé em Deus", como destacam diversos textos do museu.

LIGADOS NA MESMA FORÇA
Moinhos de ventos, cata-ventos e aero-geradores

É notória, a dificuldade das pessoas em distinguir o que são moinhos de vento,  cata-ventos e aerogeradores. Em comum, todos aproveitam a força dos ventos para produzir trabalho. Tecnicamente, podemos dizer que os três são mecanismos de aplicação distinta entre si e que utilizam rotores ou turbinas eólicas como força motriz.

Os moinhos de ventos, a rigor seriam moinhos ou mós movidos pela energia do vento, mas o nome generalizou-se passando a denominar todo tipo de turbina ou rotor eólico seja qual for a aplicação: geração de eletricidade, bombeamento d'água e outros mais diversos.

Os populares cata-ventos também são rotores eólicos de eixo horizontal, só que destinados ao bombeamento d'àgua. Na verdade, o nome vem do mecanismo que faz o alinhamento do eixo do rotor em função da direção do vento. Tanto que o nome também é dado a simples mecanismos que indicam a direção do vento através de uma seta ou o bico da figura de um galo, ainda muito encontrados em casas no interior e na área rural, onde aliam a função utilitária à  decorativa.

Devido à sua leveza e a facilidade de implementação que oferece, quase que invariavelmente, os rotores de eixo horizontal para bombeamento d'água são construídos com mecanismos de auto-alinhamento ao vento. Essa parece ser a origem do nome cata-vento para denominar esse tipo. Popularmente, o nome cata-vento também tem sido utilizado também para denominar os aerogeradores modernos.

Os Aerogeradores são turbinas eólicas acopladas a geradores elétricos a fim de produzir eletricidade. Em geral os rotores dos aerogeradores são projetados para aproveitarem ventos de alta velocidade. Os modelos maiores possuem mecanismos de alinhamento ao vento, controle de velocidade e proteção de rajadas com acionamento elétrico e comando eletrônico. Toda esta sofisticação é compensada pelo alto rendimento que  oferecem. Atualmente o custo da energia produzida pelos grandes aerogeradores já é bastante competitivo, desde que o sistema esteja interligado a rede pública. Assim é cada vez mais comum vê-los integrando as paisagens brasileiras, principalmente no litoral nordestino.

A HOLANDA DOS MOINHOS DE VENTO
Conforme Usher(1993, pp.232-237), é quase certo que os moinhos de vento - no sentido genérico de rotor eólico - surgiram no oriente médio antes do século X a.C. pelo menos. Os primeiros modelos eram projetados para aproveitar os ventos predominantes ou seja não tinham mecanismo de alinhamento com o vento. Sua introdução na Europa por volta do século XII motivou a busca de mecanismos de alinhamento devido às características de variação de intensidade e direção dos ventos encontradas naquele continente. A primeira resposta foram os modelos onde o eixo das pás podia ser girado manualmente em relação ao poste de sustentação.

Foi na Holanda que os moinhos de vento se tornaram mais populares. Segundo Palz (1993, p.86), no final do século XVII havia cerca de 20.000 unidades no “país dos moinhos de vento”, a maioria na secagem de pôlderes. O uso dos moinhos de vento na Holanda se iniciou no século XV como bombas d’água para drenarem as terras  na  formação dos  poderes.

A invenção dos moinhos de cúpula giratória, que permitia aos operadores de grandes moinhos, posicionarem manualmente o eixo das pás em função da direção dos ventos, é registrada como um grande incremento de capacidade deste, promovendo grande progresso nos sistemas de dessecamento de pôlderes e moagem de grãos.

Além dos "moinhos de pôlder", que a rigor não seria um moinho de vento, os moinhos de vento também foram muito utilizados em fazendas. Aí sim para moagem de cereais. Uma segunda função desse último tipo, segundo o site da Cooperativa de Castrolanda, era a de comunicação à distância. Em eventos e acontecimentos importantes suas enormes pás eram sinalizadas com bandeiras, imagens e outros objetos escolhidos em conformidade com a  comemoração  ou acontecimento.


Referências Bibliográficas

1) USHER, Abbot Paysson. Uma História das Invenções Mecânicas; tradução Lenita M. Rimolli Esteves. Campinas,SP. Papirus, 1993

2) PALZ, Wolfgang. Energia Solar e fontes alternativas. São Paulo: Hemus Livraria Editora Ltda, 1981


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